quinta-feira, 12 de abril de 2012

GUAJARÁ: ONTEM, HOJE E AMANHÃ

O aniversário de Guajará-Mirim comemorado na semana passada por ocasião de seus 83 anos de emancipação política, se por um lado convocou alguns membros da imprensa falada a reverenciar pessoas e gerações que ajudaram a construir a cidade, permitiu também que se exaltasse o trabalho de homens e mulheres que ainda hoje vivem o afã de prosseguir a empreitada que se iniciou no passado. Hoje em dia não basta somente olhar para traz. Faz-se necessário também avaliar o presente, porque é nele que se abre as portas para o futuro.

Caberia aqui também dizer em nome do justo reconhecimento de méritos, que temos hoje figuras e empreendimentos que nos engrandecem, muitos até mesmo dignos de estarem frente a frente com as realizações que marcaram as primeiras “entradas e bandeiras” de famílias de tradição até hoje que vieram para cá como os Vassilakis, Suriadakis, Massud Badras, Melhem Bouchabkis e Pedro Nicolau.

Outra coisa: por mais que se revelem motivos para desacreditar no momento atual, há uma latente força criadora, nem sempre perceptível, mas que existe e se dispersa pelas mais diferentes áreas de atuação, seja na educação, no comércio, na cultura e até na política. Agora se existe esta dinâmica, é natural que se confira a Guajará-Mirim uma expectativa de melhoras em relação aos dias que virão, o que é claro, não dispensa uma maior presença dos poderes públicos, que até o momento têm sido estranhos nas empreitadas atuais.

Sabemos todos que este é um momento difícil para se empreender ou se arriscar em qualquer coisa que se faça. Disso depende a nossa política e nesse campo os últimos acontecimentos tem sido de desastrosas experiências, de forma tão contumaz que graças a ela percebe-se a anemia psíquica que hoje se abate sobre nossa população. Mas é preciso ter consciência de que a cidade é muito maior que as tragédias que sobre ela se abatem. Sua história está aí para nos mostrar que a todo desafio a gente responde com um maior empenho em defesa dos valores morais e éticos.

Não se recorda até hoje de um aniversário da cidade que se passasse assim neste clima de velório e a confiscar da grande maioria da população o direito de comemorar. Em outra épocas havia desfiles de escolas, bandas de músicas, concurso de fanfarra etc... é sabido que aqui e acolá houveram festejos aleatórios bancados por empresas privadas na cara e na coragem fizeram um carnaval fora de época a preços módicos, mas - ressalte-se – muito acima do que pode pagar o povão. Muita gente de fora também esteve na cidade, não resta dúvidas. Os hotéis lotaram. Mas não por causa da efeméride em questão e sim por conta do feriadão da semana santa. A Bolívia faturou às pencas...

Mais do que nunca faz-se mister que os poderes públicos mantenham distância desta maneira pequenês de pensar nossa cidade como província acomodada e de que nada aqui vai pra frente. É preciso que desta hipnose se extraiam lições, advertências e coragem para resistir. Mas antes de tudo é preciso ter certeza de que o destino de Guajará-Mirim não se acaba nas promessas e nos tropeços de suas administrações, desde que haja fôlego para sacudir a poeira e prosseguir.