Até o dia 20 de julho, este que vos subscreve deverá ser ouvido em juízo forâneo, a fim de explicar frente aquele intemerato órgão, coisas ligadas a uma queixa-crime perpetrada por um servidor público contra este pobre escriba, que sempre procurou seguir o caminho retilíneo das leis naturais; e que neste momento vem apelar junto ao estatuto das leis que um dia regeram a “pax romana”, a presunção de inocência, conceito segundo o qual, qualquer pessoa é inocente até que se prove o contrário, e que hoje se constitui em uma das bases do Direito Moderno.
A tal queixa, atribui-se a um fato que ocorreu no mês de janeiro, e que consta no boletim policial como desacato, aconteceu no local de trabalho do insigne servidor, que uma vez sob o manto do “Corporavit” ou do simulacro das leis que diz defender, aliado aos seus excessos pessoais, acabou por expor ao constrangimento quem sempre teve sua vida pautada pela obediência aos parâmetros que regem os foros judiciais que fazem os trâmites usuais da justiça. Conforme consta no BOP, a acusação, depois de tentar me intimidar com gestos e olhares, me outorgou ofensas que, confesso, em nenhum momento cometi. Posso até cometer um erro por defeito de raciocínio, mas não por deficiência de reflexão. Acho até que só pode ter havido um rapto de imaginação por parte da acusação. De qualquer forma, a situação se inverteu e quem deveria constar no BOP como vítima, passou a ser infrator. Mas como para tudo na vida existe uma explicação, para este funesto teatro que o distinto servidor pretende montar, recorro aqui ao “Gênesis” de tudo.
O qüiproquó em questão teve seu epicentro há mais ou menos um ano numa mesa de bar, mas preciso num choque de opiniões divergentes. O cerne da discussão é que a pessoa que ora me processa disse valorizar o acúmulo de capital e de bens materiais como forma de aceitação na sociedade. Pelo catecismo da acusação, homens de grande quilate seriam os Bill Gates, os Rockfellers, os Onassis, os Eike Batistas e os Roberto Justus; e desprezíveis os Eisteins, os Montequieus, os Karl Marx, os Nietzches, os Jonh Sebastians Bachs e os Fábio Marques. Eu sempre achei que o dinheiro não deveria ser a mola propulsora de todas as nossas ações. O bem comum sim, é que deveria modelar nosso projeto de vida. De que adianta, por exemplo, eu ter três carros na garagem quando meu vizinho anda a pé e passa fome? Jamais irei me conformar. Esta é a minha utopia, meu “moto perpetuo”, que uns entendem e outros não. O fato é que de lá pra cá, este cidadão de ilustre estirpe passou a me enxergar sob a sombra da despeita.
Mas ao fim e ao cabo queria dizer que a recíproca da acusação não procede. Jamais irei pretender fazer a este cidadão o que ele pretende fazer a mim. Não desejo nenhum tipo de mal para esta pessoa, da mesma forma que não guardo nenhum tipo de mágoa, ressentimento, despeita ou rancor em relação a este nobre Cro-Magnon. Procuro não freqüentar os lugares que ele freqüenta e evito fazer cruzadas com o seu caminho. E no mais, acentuo que não é e nunca foi de minha intenção ofender o honrado gentleman, e se ele ainda assim insiste no objeto de sua intenção, dou por não ditas tais palavras.
E confio na pétrea substância da Justiça para constar como válidos meus argumentos, até porque as premissas são verdadeiras. Ipsis literis.