terça-feira, 10 de agosto de 2010

UMA CIDADE EM RUÍNAS

De nada adiantou fazerem protestos nas rádios, passeatas e manifestos com direito a frases de efeito, faixas e cartazes pelas ruas da cidade. O Museu Municipal continua inativo, proibido para visitação, ruindo e caindo aos pedaços a cada dia que passa.

Em meados do ano passado fiz aqui mesmo nesta coluna uma resenha sobre a situação deste ponto referencial de cultura e história de Guajará-Mirim e também sobre o descaso das autoridades frente a esta situação. Em resposta obtive nota oficial da Secretaria de Turismo, dizendo que o bojo do projeto de reforma do Museu já estava a caminho e que tudo era questão de esperar até que alguns detalhes técnicos tivessem dentro dos ajustes necessários. Pura “enchessão de lingüiça”, tudo bla-bla-blá. O nosso Museu aí está para quem quiser ver, a enfear a paisagem da Cidade Pérola.

Assim como o Museu Municipal, também temos em nossa cidade em pleno centro comercial muitas construções que um dia já fizeram parte da história do nosso povo, em completo abandono e que só estão servindo como refúgio para vagabundos, noiados e pés-inchados. São imóveis que pertencem a particulares e que devido ao desleixo de seus donos hoje estão entregue ao Deus-dará. Estas edificações em passado eqüidistante já deram abrigo para cinemas, casas de comércio e clubes da sociedade guajaramirense. Na dá mais para aturar este desprezo e abandono por estas construções que fazem parte do nosso passado. É preciso mais do que nunca preservar a história.

É sabido que toda e qualquer cidade guarda na sua arquitetura inicial as marcas da sua história, das tradições culturais e sociais da gente que a construiu. Os elos de ligação emocionais e ancestrais com a cidade costumam ter grande reforço quando uma dessas construções recuperam o brilho do passado. A reforma ou restauração desses prédios, além de estimular o turismo, poderia gerar empregos, aumentar as opções de lazer e também poderia ter até o efeito de aumentar a auto-estima dos cidadãos. A ressurreição dessas construções teria conseqüências positivas na auto-avaliação da população. Seria mais ou menos como se ela própria estivesse reagindo contra o descaso, o abandono, as intempéries e a falta de manutenção que hoje castigam essas edificações.

Se houvesse vontade política por parte dos Poderes e iniciativa e boa vontade por parte dos donos dessas construções, elas poderiam passar por uma reforma completa com a ajuda de voluntários em forma de mutirão e poderia até abrigar, por exemplo, um banco, um comércio, restaurante, venda de artesanato, centro de convenções ou salão cultural. Parece que o Banco Mundial financia a fundos perdidos empreitadas deste quilate, bastando para isso apresentar projetos com começo, meio e fim e não arremedos.

Outra sugestão que deveria se levar em consideração seria o tombamento dessas construções pelo Patrimônio Histórico. O tombamento é um recurso judicial para que determinado bem imóvel seja preservado. Ele não tira o poder de propriedade do dono. Apenas enquadra o bem em leis específicas com o objetivo de que não sejam feitas intervenções que descaracterizem o objeto, o que poderia ameaçar sua história.