terça-feira, 29 de novembro de 2011

PARA O POVO ENTENDER

O espectro do eterno retorno parece que continua a assombrar os porões e gabinetes da Assembléia Legislativa de Rondônia. É a história que se repete em todos os seus contornos e nuances. Hoje a opinião pública se depara mais uma vez com um escândalo político rondando a parcela de peso que conquistou o Poder na Assembléia e já se deixou contagiar pelo cancro da corrupção do regime anterior.

Seguindo o script das investigações que já rolavam a 18 meses através de escutas e filmagens, e que apurou denúncias de desvio de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), a Polícia Federal trancafiou o Presidente da Assembléia Legislativa, Valter Araújo que, segundo notícias de sites da Capital, em conjunto com empresas, fraudava licitações com o objetivo de aumentar sua renda através de conchavos e transações comerciais. A devassa da Polícia Federal envolveu e arrolou outros representantes do Parlamento Estadual que teriam supostas ligações com o esquema, inclusive a “inatacável” deputada Epifânia, estrela do PT, e a enrolada deputada Ana da 8 que tiveram que se explicar porque recebiam “jetons” por fora do Presidente da Casa Legislativa. Todos irão responder por crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, extorsão, fraudes em licitações e tráfico de influência. Se estes ínsígnes têm ou não culpa no cartório, só o desenrolar deste qüiproquó é quem poderá dar o parecer final e bater o martelo.

Diz o ditado popular que de tanto ver a corrupção triunfar, o cidadão de bem começa a sentir vergonha de ser honesto. Neste lamaçal, o que se percebe é que o chamado crime comum parece que está em extinção. O bandido autônomo parece que está perdendo espaço para a bandidagem política. Quando as máfias adquirem poder de governo, os crimes políticos passam a depender de decisões burocráticas. Podres poderes, como cantava Caetano.

Pra resumir: a rapina advinda da “perifa” hoje se converte em regime de governo. A rede mafiosa se estrutura em parceria de benefício mútuo, e da arrecadação dos esquemas faz-se o “Rachid” entre os quarenta ladrões. O crime compensa e dá resultados. A corrupção nos níveis a que acabou chegando já não é uma mera questão criminal, é uma questão antes de tudo política. A roubalheira deixou de fazer parte de um clube fechado. Parece que tornou-se esporte da moda entre muita gente que se acha mais esperto que os demais. Neste segmento vale tudo: contratos de campanha que não se cumpriram, vigarices, cambalachos, gambiarras, falcatruas, sem-vergonhices, trairagens, manipulação da notícia, processos em arquivo morto, queima de arquivos, sentenças ao gosto do freguês e toma-la-da-cá. Ora! Afinal dinheiro se paga com dinheiro, não se paga com a fome e a miséria do povão. Se fosse dinheiro fiado, se pagaria com conversa fiada e voto contrário.

Vale aqui ressaltar que no meio de tanta podridão e fissura por ambição e vaidade, também existem pessoas que defendem posições mantidas durante toda uma vida e ainda mantém aquela coerência de não ceder ao Poder pelo Poder. Mas estes, embora tidos como reserva de retidão moral, jamais terão voz de comando nas altas esferas onde se planejam mil tretas e armações.