sexta-feira, 14 de agosto de 2009

DÊ CIRCO AO POVO!

Uma vez passada a ressaca de pão e circo regada às custas de eventos que recebem dinheiro público tipo festas de rodeio da Acrivale, festivais de bumba-meu-boi e feiras multi-setoriais onde os pobres puderam observar ao vivo e a cores a gastança esnobe dos metidos a besta, é chegada a hora de colocar os pés no chão e voltar nossa atenção para a cidade, que salvo essas enganações, continua indo de mal a pior. O que se vê hoje dentro do ambiente político é um acomodamento das entidades em geral, mas sobretudo da administração municipal.

Fizeram-se as mudanças em alguns setores de gerência da administração cujos anúncios efusivos propagandeados através dos programas de rádio deram a entender que tudo aqui vai de vento em popa, às mil maravilhas, não há desemprego, o atendimento no Hospital Regional vai muito bem, temos médicos especializados até para curar dor de corno, remédios não faltam, assim como também acabaram as filas para a morte que nos espera na entrada da rampa do necrotério no final do corredor dos enfermos à direita.

Não se enganem não, tudo isso continua apesar das mudanças. Mas aproveito um gancho na matéria para dar meus parabéns aos médicos deste hospital que na cara e na coragem, estão prestando um grande serviço para a saúde pública de Guajará-Mirim sem nenhuma estrutura de logística. É sabido que o ambiente ali é de um hospital de guerra, a começar pela falta de medicamentos, passando pela total ausência dos responsáveis para dar sequer uma satisfação para a população, até chegar aos pacientes que gemendo de dores, aguardam para serem atendidos, abandonados e humilhados.

Enquanto o povo não tem acesso ao que lhe é de direito, as entidades que deveriam fazer alguma coisa em prol da solução desses problemas, como uma máfia, preferem agir em forma de cartel para desviar o foco das questões essenciais do município e daí resolvem encobrir nossas mazelas com festanças. E dá-lhe Bumba-meu-boi, bailão de fazendeiros, festival de praia e o diabo-a-quatro. E o pior é o nosso povo que se deixa levar por conversas desta gente que parecem ter lábia até para vender areia para deserto, água para o Rio Mamoré e paisagem para cego.

Quem nunca leu que na Roma antiga tinha aqueles gladiadores se matando, davam os cristãos para as feras comerem naquele circo enorme que o nome era coliseu. Que os Césares, inclusive o Nero que era baitola, ficava colocando o polegar para cima e para baixo somente para que o povo tivesse diversão todos os dias e esquecesse a fome e a miséria que passava? Porque esse negócio de não ter escola, saúde, emprego, bem estar social, porcaria nenhuma que a constituição diz que a gente tem direito já vem de lá há muito tempo. Não muda nada neste filme, a não ser os artistas.

A verdade é esta: somos um povo sem nenhuma idéia política, sem nenhuma cultura sólida. Quantas oportunidades se perderam por acomodação de lutar contra o principal mal que assola Guajará-Mirim: os políticos e suas enganações. Enquanto o nosso povo continuar a se contentar com invólucros vazios, vai trocar pela vida inteira ilusões por verdades. Ou vice-versa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

EXTRA: VALDIR E MARINHA RAUPP NÃO SERÃO CANDIDATOS AO GOVERNO

Em entrevista exclusiva para o jornal O Mamoré na semana passada, o senador Valdir Raupp (PMDB) confidenciou para este impresso que tanto ele como a deputada federal Marinha Raupp, não irão concorrer ao governo do Estado nas eleições gerais de 2.010. O senador e a deputada irão disputar a reeleição para os respectivos cargos públicos em que ora estão assentados.

Em relação à PEC da transposição dos servidores, Valdir Raupp, que junto com a senadora Fátima Cleide, foi co-autor da proposta, disse que todos os deputados de Rondônia estão empenhados numa comissão especial para acelerar esta emenda, já que a mesma parece estar empacada há três anos na Câmara dos deputados, “Mas assim que for votada e voltar para a análise do senado, nós iremos fazer com que esta proposta seja liberada o mais rápido possível”, disse o senador na ocasião.

Quanto à questão da construção da ponte Brasil-Bolívia, o senador Valdir Raupp disse que esta obra já consta do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula e adiantou que esta construção monumental deverá iniciar-se até meados de 2.010, uma vez que o presidente Lula em seus discursos diz ser questão de honra iniciar este trabalho antes de encerrar seu mandato.

Quando indagado sobre quais benefícios Guajará-Mirim teria por ter 95% de sua área sob proteção ambiental, Valdir Raupp foi enfático: “Até agora Guajará-Mirim só teve prejuízo. Não adianta as ONGs fazerem manifesto ou vir para a mesa discutir que a preservação dá resultado, se o que a gente vê é que no momento não está dando. Pode ser que no futuro talvez sim, quando a floresta for tratada como ativo econômico, ou o governo compensar de alguma forma, até com dinheiro, ajuda financeira, estes povos que estão ajudando a preservar a floresta”.

Seguindo à risca o que mandam os manuais de boas maneiras, o senador Valdir Raupp preferiu não se pronunciar sobre as acusações que o presidente do diretório municipal do PMDB, Almir Candury fez à sua pessoa, tanto no jornal O Mamoré como na Rádio Guajará FM.

domingo, 9 de agosto de 2009

PARLAMENTAR OU PRA LAMENTAR?

Quem teve o saco ou privilégio de acompanhar a TV Senado na semana que passou pôde assistir à um festival de baixarias e despautérios que fez com que a gente lembrasse aquela máxima de que a história se repete muitas vezes, e maioria das vezes de forma grotesca e medieval como se pôde observar na volta do recesso do congresso Nacional. O bate-boca subiu todos os decibéis, só faltaram irem às vias de fato.

Tudo começou na segunda-feira quando o senador Pedro Simon, que é tido como uma reserva moral do congresso, subiu à tribuna para pedir o que hoje todo mundo tá pedindo: a cabeça do presidente do senado José Sarney, haja vista as denúncias que pairam sob sua auréola de “homem santo”. Foi mais ou menos o que o nobre senador Pedro Simon pediu com educação e escolhendo bem as palavras. Disse ainda: “O presidente Sarney deveria entender que a renúncia à presidência desta casa seria um ato de alta nobreza em sua carreira”.

Ah, pra quê! Logo em seguida a tropa pró-Sarney saiu à toda para o campo de batalha. E quem teve papel-chave nesta contenda foi uma das figuras que hoje em dia levam muita gente a questionar se o Brasil precisa mesmo de senado. O indigesto Renan Calheiros. Aquele que foi flagrado pela TV Globo envolvido até as tamancas num esquema de corrupção que mesclavam notas fiscais, empreiteiras e relações ilícitas de lobbies comerciais. Aquele que à época conseguiu negociar sua cassação e hoje sobrevive como senador, e que neste momento é o principal escudeiro de José Sarney. Renan pediu aparte para desqualificar Pedro Simon. E assim como ele fizeram outros. Gritaram, espernearam e chamaram para a porrada. Neste coliseu, o ex-presidente e dublê de ladrão e político Fernando Collor foi o mais agressivo e Renan o mais sonso e cínico. Pedro Simon, ora acuado, ora aos insultos, enfrentou sozinho a ira e o ódio do bloco do “oba-oba”.

E a coisa se estendeu por toda a semana. Na quarta-feira foi dado o veredito do conselho de ética: Pizza à la Maranhão. Em suma, a arena montada neste circo de horrores elencada por atores que não passam de um bando de leprosos morais (Collor, Renan, Sarney, Barbalho, Romero Jucá e outros) esteve assentada na disputa e na perpetuação do poder. De um lado o governo é obrigado a manter relações pouco convenientes e a proteger esta canalha política para poder governar e fazer as mudanças que o país precisa, porque senão ficam empacadas. Do outro a canalha, que um dia já foi governo e tinham o mesmo apoio e num patamar de safadeza muito pior, que vive de chantagens para continuar marcando presença.

Resumo da ópera: o bloco do “Mamãe eu quero mamar” cumpriu à risca a estratégia montada na “Paramount” da sacanagem política e voltou do recesso municiado para atacar as trincheiras da oposição que pedia a renúncia do senador José Sarney. O próprio Sarney que depois de indicar para parentes e aliados que iria renunciar, de uma hora para outra parece que deu para trás e reforçou a corrente do trem da alegria ao negar veementemente que vá largar essa mamata: “Isso não existe, isso não existe”, repetiu o manda-chuva do senado e chefe do bloco do “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”.