sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CONHEÇO MEU LUGAR

Explicação sem necessidade sobre diferença entre matéria jornalística e artigo: na matéria, o jornalista que se preza tem a obrigação de relatar os fatos, aquilo que viu, escutou, fotografou e editou tais como aconteceram. Aí cabe ao passador das informações a responsabilidade parcial ou total pelo texto saído “in natura”. No artigo de jornal, o texto é livre e a depender de seu teor, poderá se basear em realidade ou ficção, realidade e fantasia, realidade e delírios, realidade e invenção, e realidade e elucubrações existenciais.

Feito o reparo, vamos aos fatos: semanas atrás fui chamado a atenção pela chefia deste Standard a respeito de reclamos de gente que sentiu como ofensas pessoais coisas que “por supuesto” este escriba, em seus devaneios, tenha passado para a Coluna. Com o maior respeito que tenho pela agente de direção deste jornal, pedi desculpas e prometi não mais colocar ao público meus desabafos e revoltas pessoais. Afinal, o que é que o público tem a ver com isto? O exemplo marcante deste incidente é que é impossível fazer crônicas com charadas e enigmas numa cidade pequena como a nossa onde todos conhecem todos, porque aqui e acolá alguns toupeiras que praticam malfeitorias acabam se dando muita importância. Aliás, importância que nunca tiveram.

A falta de assuntos relevantes ás vezes sacaneiam com a vida da gente que escreve. É a tal da inspiração. Tem dias em que a gente está com mil idéias na cabeça para escrever coisas que acontecem nos bastidores políticos e tem dias em que só estamos com cabeça para escrever disparates. Aí nestes abstratos comumente costumo carregar na tinta, às vezes até chegando a atacar pessoas de maneira gratuita.

Me passaram a sugestão que quando não tivesse nada de relevante para falar ao público, que eu fizesse a transcrição de textos alheios ou que prestasse mais atenção nas conversas de meu seleto grupo de amigos. Taí, pensei: mas isto sem que se perceba, já venho fazendo. Muita coisa que se tem falado aqui na Coluna é pegada nos bate-papos que mantenho com amigos inteligentes como Clóvis Everton, Sérgio Ribeiro, Letfalah Badra, Caralambos Vassilakis, Evângelo Vassilakis, Roberto “Pelego” e outros. Quanto ao copidesk de escritos, tenho a afirmar que possuo para fins de pesquisa uma vasta coleção de livros e revistas de cunho político que utilizo a fim de dar maior substância às minhas matérias e artigos. Minha filosofia é a seguinte: quem lê muito, escreve muito ou simplesmente escreve, quem lê pouco, escreve mais ou menos ou de maneira passável, e quem não lê, não escreve nada porque além de faltar-lhe poder de criação, falta-lhe também poder de argumentação.

Termino a epístola dizendo que se utilizei de palavras chulas ou de baixo calão foi somente para cutucar meus inimigos e se acabei perdendo a compostura, foi por não suportar a podridão e a mentira de alguns metidos aí. E se tem uma coisa que sempre vou carregar comigo é a coragem de falar a verdade e de assumir atos, pensamentos e defeitos. Estas coisas nasceram comigo e vão embora comigo. No mais agradeço por exercer a profissão que gosto e tenho paixão, por ter comigo uma mulher maravilhosa que adoçou minha vida com dois filhos que só me enchem de orgulho e à amiga Minerva Soto pelo espaço que me concede nesta gazeta. Um abraço!