Há coisa de mês e meio atrás faleceu em Porto Velho aos 88 anos o cidadão Bento Coutinho. Até então não havia postado aqui nesta coluna minha particular opinião sobre a ocorrência porque achava que outros escrevinhadores que também colaboram para este “Standard”, alguns até com mais “norrau”, gabarito, embasamento da história ou até mais hábeis no manejo da caneta, pudessem fazê-lo. O Bento Coutinho, com quem sempre gostava de conversar, era um grande contador de histórias. E bota história aí no gibi. Se eu fosse enumera-las por títulos, a Coluna Almanaque ficaria pequena. Por isso é que ainda acho que este mister deveria ser deixado para quem tá mais afinado com o “metié”. Mesmo assim tentarei fazer uma breve resenha a respeito deste ilustre cidadão “guajaramirense” do Rio de Janeiro que foi Bento Coutinho.
Carioca da gema, Bento Coutinho aqui aportou por volta dos anos 40. foi sub-delegado em Pedras Negras nos anos 50 e em seguida superintendente do Serviço de Navegação do Guaporé (SNG). Também foi vereador em Guajará-Mirim numa época em que este préstimo à sociedade não tinha remuneração. E levou a termo sua tarefa de vigiar a “res- pública”, a coisa pública. Apaixonado por futebol, foi também presidente da Liga de Desportos de nossa cidade nos anos 70. Vascaíno de paixão, era detentor da carteira de sócio Nº 126 do Clube de Regatas Vasco da Gama do Rio de Janeiro, coisa que não é pra qualquer um não, apenas para uma nata seleta.
Irônico, ás vezes sarcástico, o Bento Coutinho tinha o costume de descer o sarrafo nos políticos (todos, sem exceção) e relembrar tempos idos. Um dia já foi boêmio. Sim, o bom Bento Coutinho já foi chegado num birinaite conforme atestam os amigos Sérgio Ribeiro e Clóvis Everton. E segundo estes chegados, o velho Coutinho era um tipo ruim de agüentar, um chato de galochas. “Haja culhões para agüentar o Bento quando ele aparecia lá no Bar Quixadá, Fábio. Parecia contigo quando tá de porre”, revela o grande amigo Clóvis Everton. “Mas era um cara gente boa, da maior paz”, completa o amigo de copo.
Fã incondicional do bom samba de morro, gostava do grupo Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Agepê, Luís Airão, Candeias, Dicró e Paulinho da Viola. E parecia detestar os pagodeiros atuais de FM. Católico fervoroso, nos últimos tempos entrou numas de música de igreja, tipo Padre Zezinho, Padre Antônio Maria, Fábio de Melo e outros.
Educou os quatro filhos, hoje todos muito bem formados, uns morando em Porto Velho e outros em Cuiabá para onde migraram em busca de melhoras. Nos últimos tempos morava sozinho na mesma não digo suntuosa, mas aconchegante casa no Bairro Industrial onde criou seus descendentes. Contava com o auxílio de uma fiel secretária que vinha todos os dias arrumar a casa e preparar suas refeições.
Faleceu dia 05 de março de 2.010, sexta-feira. Segundo suspeita-se, devido a complicações no aparelho do Pâncreas.Quem me deu a notícia foi o ex-sargento PM Brás, seu vizinho, no sábado à noite no Bar do Bode no Boca Negra. Participei das exéquias no domingo pela manhã. Fiquei calado o tempo todo, e ao mesmo tempo com uma mensagem na alma: Até o infinito Dom Bento Coutinho!