sexta-feira, 9 de julho de 2010

FUTEBOL TEM DESSAS COISAS

Acabo de chegar a conclusão de que em Guajará-Mirim só existem duas pessoas que entendem de futebol: eu e meu amigo Clóvis Everton. A diferença entre a maioria dos que especulam e tergiversam sobre as batalhas campais que se fazem nas arenas circenses do Esporte Bretão, e a opinião ortodoxa formada com base cimentada desses dois “experts” no assunto, é que ao contrário dos leigos e energúmenos que acham que sabem alguma coisa e fazem análises e conjeturas a partir de pressupostos e retrospectos, mas sempre partindo do ponto de vista angular da emoção ou da paixão; “nosotros” temos como fio condutor para o entendimento da quadratura do círculo deste supra-sumo universal que é o futebol, a luneta da razão crítica e a diretriz do bom senso.

E acabei de chegar à esta nobre questão hermenêutica depois que juntos fizemos os prognósticos das quartas de final da última Copa do Mundo lá no Bar do Clóvis, que por coincidência é parente de minha consorte e primo-hermano do Clóvis em questão. Aliás, tudo na vida é questão de hermenêutica. Futebol também. O fato é que afora os erros e desacertos de praxe dos fanáticos de plantão, todas as nossas previsões colaram. Passaram adiante os Germanos, a Fúria espanhola, o Carrossel Holandês e a Celeste Uruguaia. Ao escrete do Brasil faltou vergonha na cara, vontade de jogar bola e um mínimo de auto-crítica.

E não adianta quererem romantizar a coisa. É preciso ter consciência que o futebol que estão jogando Alemanha, Espanha e Holanda, é que é o futebol que se joga hoje em dia. Eles não tem mais nada que aprender com a gente. Nós é que temos que colocar humildemente a cartilha à tiracolo e aprender com os europeus. É um futebol de resultados, sem deixar de ser bonito e nem empolgar a torcida.

A verdade é que a seleção brasileira chegou longe demais nesta desastrada epopéia. Tive este vislumbre depois que assisti àquela porcaria cheia de tranqueiras passar o maior sufoco para bater o saco de pancadas da Copa, que era a Coréia do Norte, que todo mundo goleou de sete a zero. Mas o que mais impressiona é como aqueles pernas-de-pau nunca tiveram humildade para reconhecer que o time era limitado. Sempre entraram de salto alto. E tome-lhes “Nós somos pentacampeões do Mundo, nós vencemos a Copa América, nós jogamos na Europa, nós temos contrato com a Nike e com a gente ninguém pode”. Faltou à equipe do Dunga a humildade que sobrou na seleção do Uruguai, por exemplo.

Também não adianta falar em erro de arbitragem, até porque se fizerem um balanço geral de erros de arbitragem, o Brasil é campeão mundial de roubalheiras em Copa do Mundo. A outra verdade é que a nossa seleção ficou marcada nesta copa pelo desequilíbrio emocional. E o principal culpado é exatamente o técnico Dunga por convocar uma porrada de brucutus em detrimento de craques de verdade como Felipe Coutinho (Vasco da Gama), Cléber (Cruzeiro), Diego Tardeli (Atlético), Paulo Henrique Ganso (Santos), Léo Lima (São Paulo), Leandro Guerreiro (Botafogo) e outros. Da seleção do Dunga, só deixava o Nilmar, que não teve chance de jogar bola.

Aí sim, a gente iria ter uma seleção do Brasil nativo, com jogadores que iriam jogar por amor a camisa e pouca preocupação com patrocínios, contratos e marketing.