quarta-feira, 27 de julho de 2011

SEM CENSURA

Com o objetivo de dar provas cabais à sociedade de que este jornal não faz regulação de mídia e dá apoiamento incondicional à liberdade de expressão, é que hoje esta epístola deverá sair totalmente sem cortes. É claro que aqui e acolá no meio de algumas palavras mais pesadas vão aparecer uns “jogos-da-velha”, mas todo mundo vai entender.

No momento estou tentando escrever um livro, na verdade um romance baseado em fatos, intrigas, cornagens e outras coisas cabeludas. Também estou buscando alguém com poder de capital que queira investir no livro bancando a impressão. Mas no dia da festa de lançamento quero que ele seja apresentado por uma p#t#. Mas p#t# mesmo, não prostituta de ocasião, dessas que passam a noite nos bares da moda, dão umas ficadas com alguns polícias que são habitués do local e depois vão contar tudinho para suas colegas. Também vou querer um drogado. Mas não um drogado de fim de semana. Vou querer um desses que a sociedade cospe em cima, urina em cima e recebe de volta uma lágrima, um sorriso, a mão direita pedindo uns trocados para mais uma parada ou simplesmente para apertar nossa mão. Também vou querer um v##do. Mas não um v##dinho qualquer. Um v##daço mesmo. Vai ser uma festa regada a Chivas Regal, Lafitte Rotshield, Bacalhau “Gadhus Morrua”, e patê de foie Grass. Se forem rasgados preconceitos, meus comensais não ficarão com cara de pasmos. Depois de tomado todas, como sei que c# de bêbado não tem dono e eu pretendo continuar sendo o proprietário do meu, me sentarei de costas para a parede com uma garrafa na mão a fim de utilizar contra quem se atrever a engrossar o engrosso.

Costumo escrever nas noites em que as loucuras que nos habitam acabam tirando de nós ruídos que não pedimos para escutar, nas noites em que qualquer barulho lá fora de casa, de carro, moto e até bêbados passando e falando sozinhos na rua repercutem em nossos tímpanos como um chute nos c#lhões, nas noites em que sentimos os demônios dançando dentro da gente, nas noites em sentimos a sensação de uma vida próxima que se descola de dentro da gente mas que a gente não consegue compreender que p#rra é essa, nas noite em que sentimos a sensação de que o nosso corpo não nos pertence, embora seja nossa matéria-prima, nas noites em que o lençol sobre o qual buscamos afastar a insônia, embora grudado em nosso corpo parece abrigar entre o pano e a pele aranhas e escorpiões, por fim, nas noites em que sinto solidão. E a solidão é f#da, a solidão devora.

Tudo isto faz parte da angústia cotidiana do escritor, mesmo que este escritor nunca tenha escrito p#rra nenhuma na vida. Se ele absorver tudo que esta energia cósmica relampeja, confiante no seu público, ele passará da inação para a ação imediata. Caso contrário, baterá muita p#nh#t# até que o sono se restaure. E gozará um gozo de m#rda que com certeza depois irá se arrepender. Jamais irá conseguir vencer seus fantasmas.

Espero terminar este livro até dezembro. Enquanto isto, continuo na eterna batalha contra a ignorância de mentecaptos, recalcitrantes, cavernais brucutus e bronco-encefálicos com problemas cérebros-escatológicos. Lembrete: vai ser um livro maldito.