quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

SHOW DE CALOUROS

A entrevista com o deputado Miguel Sena na tarde da última quarta-feira em uma emissora de rádio desta cidade causou estupefação e perplexidade na maioria do povo ouvinte deste programa. Ante o momento melancólico propiciado pela baixa qualidade dos vereadores recém-eleitos, o deputado anunciou que estava em visita à Guajará-Mirim com a firme tarefa de “fazer” o novo presidente da Câmara de vereadores. “Da mesma forma que nós “fizemos” o prefeito e o vice-prefeito, nós iremos “fazer” também o novo presidente da câmara”.

Entre outras coisas o deputado vociferou ainda que de nada adianta Guajará-Mirim ter uma prefeitura honesta, mas com uma câmara viciada. E quando indagado sobre quem ele teria a pretensa intenção de apontar como futuro presidente do legislativo da cidade Pérola, o deputado rebateu na “bucha”: “Qualquer um dos sete vereadores que entraram é melhor do que aqueles dois que ficaram”. E mais: disse Miguel que a melhor coisa que a nova câmara poderia fazer era formar uma aliança a fim de isolar os dois vereadores que não gozam de sua simpatia e que o governador Ivo Cassol estaria nesta cidade no dia seguinte para quem sabe juntos poderem resolver esta pendenga de uma vez por todas.

Já na quinta-feira estiveram no mesmo programa os vereadores Célio Targino e Mário César, supostos alvos das críticas de Sena, para revidar e se defender daquilo que eles próprios acham e entendem como calúnias e infâmias. Ao fazer uso do seu direito de resposta o vereador Célio foi mais comedido que seu colega Mário César que entre outras coisas disse que o deputado já havia lhe procurado para tentar corromper seu voto nesta disputa e que a razão de seu destempero seria em virtude da recusa de Mário em prostituir sua profissão política.

Na qualidade de amigo de infância e adolescência tanto do Dr. Célio como do hoje deputado Miguel Sena, acho que tenho um pouco de bagagem e cacife para poder expressar o que penso: acho que o Dr. Célio não ficou arrogante, boçal e nem se deixou deslumbrar com o poder e muito menos com a grana que ergue e também destrói coisas belas no ser humano. Hoje não poderia dizer a mesma coisa sobre o deputado Miguel Sena. Outra coisa: numa eventual disputa à presidência da câmara, sou muito mais o Dr. Célio na direção daquela casa do que qualquer calouro que o deputado vier a apontar.

Será que este calouro saberia dizer, por exemplo, como funciona uma Câmara de vereadores? Sabe o que é a lei orgânica? Sabe qual o fundamento da sociedade política? Sabe quais são as condições e os limites em que se operam os poderes? Sabe como funciona o aparato que rege as leis do município, o pequeno e o grande expediente, os sufrágios internos, as discussões sobre o orçamento e sobre todos os órgãos que fazem parte de uma administração pública?

É claro que o direito de exame e de crítica é um direito imprescindível. É claro que a minha opinião não tem a pretensão de subtrair a de ninguém e muito menos de satisfazer a todos. Qualquer um está livre para aprova-la ou rejeita-la. Mas ainda assim seria oportuno discutir esta querela à luz da consciência e com conhecimento de causa, sem palavreado chulo ou grosseria burlesca, que caso fossem usados, só iriam servir de munição contra si mesmo. E "tamos" conversados.