O presidente da Câmara municipal de Guajará-Mirim, Dr. Célio Targino, recebeu na última semana a equipe de O Mamoré para uma entrevista. Aos 42 anos, o cirurgião-dentista e servidor público está em seu terceiro mandato como vereador, o que lhe confere experiência cada vez maior, preparo político cada vez mais amplo e conhecimento técnico dos problemas do município. Mestre na arte de dirigir assembléias, de aplicar e interpretar as leis que regem os poderes legislativo e executivo, de propor moções no momento oportuno e se utilizar de sua boa educação, cavalheirismo e jogo de cintura para subtrair da oposição hostil o voto que lhes seja favorável, ou pelo menos em último caso, reduzir esta oposição ao silêncio, o Dr. Célio é hábil em exercer sobre as massas um poder de sugestão, uma vez que conhece a fundo os labirintos mais secretos dos assuntos em discussão. Nesta entrevista o presidente do legislativo municipal esteve muito a vontade para responder as questões que se seguem e são pertinentes aos problemas de Guajará-Mirim. À entrevista então.
O MAMORÉ: Vereador, o senhor está em seu terceiro mandato e assumiu a presidência da Câmara, como está a relação com o executivo?
DR. CÉLIO: Das melhores possíveis, harmônica e ao mesmo tempo independente. A filosofia da Câmara hoje é formar parcerias e trabalhar em cima de projetos que atendam a comunidade. Mas seria bom que se frisasse que agora, já passados 90 dias de mandato, devemos entrar num período de muita conversa e exercício de paciência, o que parece ser um dos predicados do atual prefeito que tem se mostrado até agora aberto ao diálogo.
O MAMORÉ: Está sendo feita uma reforma no prédio da Câmara, mas de acordo com o prefeito Atalíbio, houve uma redução do FPM, isso vai atrapalhar os trabalhos?
DR. CÉLIO: De forma alguma, isto já está previsto no orçamento, o repasse é institucional. E tem mais: pode escrever aí. Esses programas vão continuar tanto na parte física como na estrutural. A nossa próxima meta será estruturar a parte interna da Câmara substituindo as velhas cadeiras por poltronas para melhor acomodação das pessoas que prestigiam as sessões e melhorar o sistema de som do plenário. Depois disso haverá um curso em forma de estágio para capacitar o servidor da Câmara para atender melhor a população, a instalação da escola do legislativo com cursos de inclusão digital e a realização do concurso aberto que deverá ocorrer até meados do ano vigente.
O MAMORÉ: Quais as perspectivas que o senhor tem para o município de Guajará-Mirim para os próximos quatros anos?
DR. CÉLIO: Das mais otimistas possíveis. Quem me conhece de perto sabe que sou otimista por natureza. Acho que com a chegada de investimentos como a construção da ponte e das usinas hidrelétricas, Guajará vai finalmente alcançar o zênite que sempre almejou em termos comerciais, turísticos e sociais.
O MAMORÉ: O senhor acredita que a construção da ponte sobre o Rio Mamoré irá impulsionar o comércio entre Brasil e Bolívia?
DR. CÉLIO: Acho que isso nem é necessário comentar. Só o fato de que vai haver geração de renda e emprego tanto do lado de cá como do lado de lá já é um grande feito. O comércio vai ser conseqüência da coisa em si.
O MAMORÉ: Como tem sido feito o acompanhamento sobre a administração atual? A Câmara vai realmente fiscalizar o executivo?
DR. CÉLIO: Olha, na política a coisa funciona assim: uns foram eleitos para administrar e outros para cobrar, fiscalizar, criticar e até denunciar. Mas acho que a nossa cidade não precisa criar mais dificuldades do que as que já têm se prefeito e vereadores se entenderem nos mínimos detalhes. O interesse maior é que Guajará-Mirim precisa se unir sem apagar a proposta de compromissos tanto do legislativo como os do executivo.
O MAMORÉ: Na gestão anterior o senhor era tido como apaziguador, principalmente na relação executivo-legislativo, o senhor vai manter essa postura como presidente?
DR. CÉLIO: Claro...
O MAMORÉ: Quais são suas expectativas em relação ao atual prefeito?
DR. CÉLIO: Boa pergunta. Bem, na prática o prefeito é o primeiro-chefe da cidade. Mas pela lei dos estatutos todos os atos do chefe devem estar submetidos à seus administrados. Portanto na teoria o prefeito nada mais é do que um empregado submisso que recebe instruções da massa, do povo. Até aí tudo bem. Mas na Prática a teoria é outra. E as promessas de campanha? Bem, aí quem votou é quem deve cobrar. E cobrar não só a criação dos 2.000 empregos, mas acima de tudo cobrar a tão aclamada parceria ente governo estadual e prefeitura que tantos benefícios trariam para a cidade.
O MAMORÉ: Na sua opinião, o que seria importante para tirar Guajará-Mirim do marasmo comercial em que se encontra atualmente?
DR. CÉLIO: Em primeiro lugar é preciso saber quem somos nós e o que nós queremos para a nossa cidade. Na questão do turismo é preciso conscientizar a população sobre o que é turismo e sobre as benesses que advirão com o implante do mesmo. Na questão da infra-estrutura, é preciso despertar o empresariado local para o nosso potencial.
O MAMORÉ: Pra finalizar, a curto prazo, qual seria na sua opinião, a forma de resolver o problema de desemprego no município?
DR. CÉLIO: Incentivos. Mas não só incentivos na base de isenções fiscais, mas incentivos também em forma de doação de terrenos para empresas idôneas que queiram se instalar em nossa cidade e tenham interesse de registro cartorial em promover o bem-estar social e econômico de Guajará-Mirim e sua gente.