segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O BARÇA DO MESSI E CIA

Eu já havia cantado a pedra semanas antes para aqueles que pela paixonite brazuca achavam que o Santos bateria fácil o Barcelona no Mundial de Clubes e se abdicavam de querer enxergar o óbvio: que o Barcelona hoje é o melhor time do Planeta e que nem o Santos nem ninguém segura o Barça. E mais: façam a seleção do mundo que quiserem, escolham aí. Esta seleção vai passar sufoco se enfrentar o time catalão.

Tudo começou nas semifinais onde o Santos em ritmo de jogo, apesar do sufoco, conseguiu vencer o Kashima Reysol, enquanto o Barcelona, sem seis titulares e em ritmo de pelada ou jogo-treino goleou o Al Saad. Já na grande final de domingo, ainda no túnel de acesso ao Estádio, com os dois times enfileirados para a entrada em campo, todo mundo sentiu arrepios quando a câmera focou a cara de mucuim do “craque” Neymar diante da realeza de Messi. Só faltou se ajoelhar e pedir a bênção.

O futebol é jogado e o tambaqui é pescado. Com 76 por cento de posse de bola o Barça foi soberano do início ao fim e atropelou o Santos, o qual se submeteu à um verdadeiro massacre. O Santos foi ridículo. Mostrou-se um time medroso, sem atitude, uma decepção, esqueceu de entrar em campo. Parecia até que os caras estavam ali prestando reverências para o imbatível Barcelona. Ficavam como patetas enquanto o carrossel do Barça trocava passes e dava o seu olê. Em suma, o time da Vila Belmiro se acovardou, amarelou e tomou um passeio de bola. Isto fora a atuação muito ruinzinha do gabiru santista Neymar. Como pragueja aquele locutor do Canal Esporte Interativo nos jogos que transmite: “Mereciam apanhar de cinturão”.

Para quem assistiu ao jogo, foi fácil perceber as diferenças entre o Barça e o time santista. Diferenças que começam na defesa, passando pelo meio de campo e ataque e chegando até o banco de reservas. O Barcelona tem uma defesa que toca a bola e sabem sair jogando. A defesa do Santos é aquela defesa do “despacha de qualquer maneira”. Baseado na seleção da Holanda de 1974-78, o célebre carrossel holandês, o esquema tático do Barça se caracteriza pelo refino no toque de bola que é treinado à exaustão e pela movimentação simultânea de todos os atletas em todos os momentos da partida. Em suma: o futebol do Barça está a anos-luz do futebol tupiniquim do Santos.

Mas atenção: para que o Barcelona chegasse ao futebol total que hoje apresenta foram necessários 30 anos de análises e estudos científicos. Sim, tudo ali é pura matemática. Aqueles toques magistrais que acontecem com a precisão e exatidão de uma cirurgia não são feitos na base do improviso. Toda vez que um jogador tem a posse de bola, sempre tem a disposição duas ou três opções para sair jogando. Outra coisa: reparem que a troca de passes é objetiva, sempre em direção ao gol adversário. “O Barcelona ensinou para a gente como se joga futebol”, disse humilde neymar no final da partida, talvez na única coisa acertada que tenha falado em toda a sua vida. E por falar em humildade, nós temos que reconhecer: se antes eles, os europeus, aprendiam a jogar bola com a gente, hoje nós é que temos que aprender com eles.

Com um futebol sério e responsável e buscando sempre a excelência, a disciplina e a qualidade técnica, hoje o Barcelona do Messi e Companhia é o melhor time de todos os tempos.