terça-feira, 19 de abril de 2011

CAÇA E CAÇADOR

Conforme me disseram fontes confiáveis, um vereador com as têmperas nas alturas, esteve à minha procura pelos arredores da cidade na última sexta-feira. Esteve na Câmara, no boteco de minha predileção e por último, em minha humilde tenda. De lá fez algumas ligações em meu celular e disse que iria aguardar minha chegada.

De retorno ao lar pude observar sua pick-up parada em frente e resolvi encarar a situação. Cumprimentei-o assim que fui entrando. Ele, de cara amarrada, apenas rebateu: - A gente precisa conversar. Em seguida mostrou-me a matéria de minha autoria que saiu na edição passada e perguntou-me “que porcaria era aquela” que eu havia escrito. Disse ao vereador que aquilo nada mais era que o exercício do meu sagrado direito de opinião e expressão que a Constituição me oferece e ampara. Coloquei-o a par que ele também tinha direito de resposta, caso fizesse petição à Justiça, inclusive para dizer que tudo que estava impresso naquele pergaminho não passava de distorção da notícia, mentiras e factóides.

No auge da conversa, perguntou-me quem estaria me pagando para publicar aquele tipo de matéria. É claro que fiquei p#to nas calças, mas me contive e lhe respondi que nunca tive que recorrer a este tipo de artifício e que jamais pretendia recorrer. E mais: que aquele emaranhado de palavras mal escritas eram o resumo e relato de tudo que o vereador andara falando nas rádios da cidade, com adaptações para a linguagem jornalística (o chamado copydesk); e que aqui e acolá eu havia exposto minha análise a respeito. Em sua manifesta pobreza de espírito político, rechaçou dizendo que aquilo era coisa de gente irresponsável, que não tem o que fazer, sem ocupação e cheio de más intenções.

Expliquei ao nobre edil, que o mesmo hoje exerce função pública, e como pessoa pública, já deveria estar mais aberto às críticas, afinal a Política também é a arte de “engolir sapos”. Disse-lhe ainda que não foi minha intenção atacar a honra de ninguém. Somente coloquei na prancheta o que se ouve nos bares, tabernas, nas ruas e calçadas. Ao término da conversa, acompanhei-o até seu carro e pedi-lhe desculpas pelo eventual transtorno que porventura tivesse causado á sua família, mas que por outro lado, estava tranquilo comigo mesmo por haver cumprido minha obrigação de jornalista. De cara fechada, deu partida na ignição de sua pick-up e foi embora.

Existem políticos que nunca irão aprender a lidar com a Imprensa. Sou consciente que às vezes não agrado ao expor de maneira nua e crua as estruturas. Sim, às vezes também cometo injustiças com pessoas públicas. Mas são poucas vezes. Em geral a exposição de pessoas públicas é mais que normal. Até porque elas são públicas. Então temos o direito de critica-las e até a obrigação de expor suas vidas ao máximo. Tudo o que falo nesta Coluna, reitero mais uma vez, assino embaixo e quem discordar tem o mesmo espaço, através de direito de resposta para se defender.

Mas ainda bem que mandatos terminam e acabam levando junto com o seu término políticos, que dado seus atropelos, jamais deveriam um dia ter posto os pés na política. E o que fica? A sociedade, tendo que se reciclar, se renovar e constituir-se no caminho do tempo e no espaço.