Passado quase um ano sob o manto da administração Atalíbio Pegorini, administração esta que teve endosso do governador do Estado e do deputado Miguel Sena e cujo discurso de campanha teve ênfase na filosofia do “Mudar para crescer”, hoje a maioria do povo eleitor desta gestão já deve ter notado que até agora não houve quaisquer mudanças reais ou efetivas na conjuntura municipal. Tudo continua como antes. O sonho virou pesadelo.
Hoje, medindo muito mal a nossa situação, a extensão do nosso fim de poço, a terrível penúria em que a gente se encontra, este estado de abandono e marasmo que se faz pesar sobre todos nós, imagina-se que tudo isso é coisa passageira e que um dia, mais dia menos dia, as coisas irão se encaixar dentro das engrenagens e que os nossos mandantes gerais da cidade irão melhora-la a fim de que o nosso povo esperançoso prospere e seja feliz. Pura utopia. Basta que qualquer um dê uma olhada de lampejo nas roupas surradas que o nosso povo veste, no semblante das pessoas, na fome sentada na mesa da maioria da população sem emprego de nossa cidade, na cara dos bêbados e seus porres cada vez mais amargos, nas lojas vazias, comércio parado, na própria cidade morta, nas queixas das massas, nas reivindicações das associações e nas promessas dos demagogos para enxergar que é praxe comum dos que regem o Poder não dar nada sem receber algo em troca.
A nossa educação está falida, a saúde está um caos, as nossas ruas estão às escuras e sem sinalização, a nossa malha viária, devido aos inúmeros buracos, faz com que qualquer percurso feito em carro, moto ou bicicleta seja uma verdadeira aventura. E agora com a chegada do inverno serão necessários pelo menos seis meses para que se estabeleça a troca regular de ordens e relatórios, sem o qual a secretaria de obras e seu atrapalhado secretário só poderá atuar de maneira paliativa. Enquanto isso a paralização dos transportes nas estradas vicinais desorganiza o abastecimento de bens de consumos e matérias primas, sejam de ordem pecuária como laticínios e outros víveres, assim como de manufaturas como farinha e carvão vegetal.
O problema é que ainda paira no ar cultural da nossa gente guajaramirense aquele sossego de espírito, aquela psicologia do silêncio diante de tantos descalabros. É preciso falar em alto e bom som, encontrar as pessoas e atenta-las para o sufoco em que estamos metidos até o pescoço por causa dos desmandos da atual administração, se extasiar, se abrir com as pessoas diante dessas perspectivas negativas que se aproximam, faze-las sair desta hipnose das ilusões às custas de falatórios de palanque que resultou neste mal-entendido. É preciso reagir ante este estado de coisas.
Se falo em reagir, estou falando no potencial do nosso município, no valor de sua gente, no patrimônio moral de Guajará-Mirim. Essa atual administração foi um acidente de percurso. É preciso ter consciência disto. Guajará-Mirim perdeu o bonde da história e a retomada do progresso não se dará se antes não se expurgar este bando de inoperantes do Poder Municipal. 2.000 empregos podem ser gerados se existir planos e projetos em forma de política econômica e industrial que possam impulsionar de forma comercial a economia local.