sexta-feira, 6 de julho de 2012

O CIDADÃO JOSÉ NONATO

Faleceu no dia 24 de junho, aos 66 anos o cidadão José Nonato de Araújo. Após três meses de martírio na UTI de um hospital da capital, Zé Nonato, como era mais conhecido, não resistiu ao achaque da doença que acabou por vitimá-lo. Primeiro filho de uma levada de cinco que Dona Ester e seu Domingos tiveram, Zé Nonato teve que trabalhar desde pequeno para ajudar no sustento da família. Em sua vida adulta foi funcionário do Banco do Brasil, chegando a exercer cargos de alta relevância nesta instituição bancária. Destacou-se como gerente até se aposentar.

Pilastra de toda a família, Zé nonato dedicou sua vida a se preocupar com o bem estar de seus filhos. Fazia questão de tê-los sempre acerca de si, tanto no espaço físico, quanto no do aconchego, da palavra amiga, do conselho de pai. E foi tão prodigal neste particular que ajudou-os a adquirir residências o quanto mais vizinho possível de sua choupana.

Bonachão e espirituoso, Zé Nonato sempre calava a platéia presente ou a deixava no mínimo boquiaberta com alguma palavra de efeito jogada no momento oportuno em qualquer mesa de discussão fosse qual fosse a pendenga, seja negócios, política, religião ou futebol. Reservado, seu círculo de amigos era um clube fechado. Toninho Nogueira e Ditão do Banco do Brasil tiveram o privilégio de desfrutar de sua amizade nos últimos tempos. Bom bebedor, Zé Nonato varava os fins de semana na companhia do bom e velho uísque Natu Nobilis. Gostava de aborrecer os garçons nos restaurantes que passava. Toda vez que perguntavam se queria mais uma cerveja, respondia: - Não, menos uma! E quando o serviçal resolvia rebater ao retrucar se ele pretendia outra cerveja, o Zé Nonato tascava: - Não, me traga a mesma, por favor! Torcia para o Botafogo sem muito fanatismo. Quando seu time ganhava, ganhava. Quando perdia, achava que tinha mais era que perder mesmo.

Era um grande leitor. Lia desde a Seleções do Readers Digest, passando por Veja, Isto É, Visão, Exame e jornais de todos os matizes e correntes, desde a Folha de São Paulo até O Mamoré. Gostava das páginas de economia, que o mantinha informado acerca das oscilações do Mercado e que também mantinha sua prudência e equilíbrio frente aos gastos pessoais. Esta fixação por cotações da Bolsa, do Dólar comercial e paralelo, dívida externa, taxa de juros, balanços e orçamentos, acabou passando para o filho Dome Araújo, técnico em administração, profissão que executa com agilidade e desembaraço na Prefeitura de Guajará-Mirim.

Sua ausência continua doendo no seio de sua família que não se conforma com sua partida. E também a amigos que chegam a se irritar com a aceitação da morte como uma coisa natural, como se os lamentos e choros pudessem ajudar a alma do morto a subir aos céus o mais rápido possível. A verdade é que a morte não passa de um inimigo invisível que nos acompanha todos os dias de nossas vidas, em casa, no trabalho ou lazer. Lá está ela, ali ao lado a espera do momento oportuno para dar o seu bote certeiro. Infelizmente esta é a única certeza do ser humano.

Zé Nonato era um cidadão de bem e procurou provar isto através de suas atitudes. E fez muito mais que sua parte.

Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.